domingo, 27 de outubro de 2013

The Velvet Underground And Nico

O que os mestres do modernismo fizeram para a arte contemporânea ao que Andy Warhol fez nas artes plásticas, Lou Reed fez para a música. O cantor morreu hoje aos 71 anos de idade, complicações relacionados a um transplante no fígado feito no começo do ano. Líder da melhor e mais influente banda experimentalista de todos os tempos (The Velvet Underground), bem como sua carreira solo, com álbuns como "Transformer" (1972), "Berlim" (1973), "Metal Machine Music" (1975) e "New York" (1989). Do mesmo jeito que Frank Zappa, Lou Reed estava anos-luz a frente de seu tempo.

A seguir, uma resenha sobre o clássico álbum "The Velvet Underground And Nico", álbum este que literalmente influenciou TUDO. Imagine que este álbum e os Beatles não existissem, provável que estaríamos ouvindo Bach ou Beethoven (exagero sim, porém nada mal). Este pioneiro e mitológico do rock, influenciou muita gente, não é abuso dizer que todos que compraram uma das trinta mil cópias do cd, formaram uma banda. Sim, também estou falando de bandas undergrounds, adolescentes rebeldes e sem causa, mas também estou falando de ícones das gerações que viriam a seguir, David Bowie, Nirvana, Joy Division, Jesus and Mary Chain, Radiohead, The Strokes, Iggy Pop, Talking Heads, Television, Depeche Mode, Sonic Youth, Nine Inch ... a lista é imensa.


Era um Estados Unidos que precisava deslanchar na música, início dos anos sessenta e o Reino Unido levando sua invasão britânica para o mundo. Em 1967, o melhor ano que o rock podia ter, era lançado o Velvet Underground And Nico. Lou Reed, John Cale Sterling Morrison e Moe Tucker montaram a banda, o produtor ? Ninguém menos que Andy Warhol, simplesmente o Leonardo da Vinci hipster para as artes do século XX, dispensa profundas apresentações.

Estrou na primeira semana em 199° no top 200 da Billboard, esnobe, mainstream e nada cultural, a Rolling Stone nem deu atenção para os loucos de preto e maquiagem, e a alemã americanizada Nico. Hoje, o álbum da banana é o 13° mais influente de todos os tempos, pela mesma revista que foi apática ao seu lançamento.

Woodstock era para amadores. Troco meio milhão de hippies num pasto imundo por uma puta falando com seu cafetão em uma esquina imunda do Harlem, era o que dizia Reed, sempre dez anos à frente de todo mundo. Isso explica resumidamente a temática do até então "álbum da banana".


Era o experientalismo, cru, o novo, enquanto hippies e sua loucura expandiam na psicodelia, eles eram inovadores e pioneiros, dois acordes bastava. Temas absurdos e chocantes? Inadimissível ficar de fora. A calmaria de uma manhã de domingo, "Sunday Monrning", te convida de forma absurda ao putaria (digamos o tema, prostituição) que é "I'm Waiting For The Man"Eu estou esperando pelo meu homem\\Vinte seis dólares na minha mão\\Subindo para Lexington, 125\\Sentindo doente e sujo, mais morto do que vivo\\Eu estou esperando pelo meu homem", "Femme Fatale"... É feminismo? destruidora de lares? prostitua? tudo isso é mais um pouco, vejo o jeito que ela anda, que ela fala.

Chegamos a "Venus in Furs", ode sadomasoquista que John Cale fez perfeitamente bem, enquanto Reed entoa os versos: " "Brilhantes, brilhantes, brilhantes botas de couro\\Garotinha açoitada no escuro\\Vem ao sinal do sino, seu servo, não o abandone", um verdadeiro pastor do apocalipse. "Run Run Run" é folk, british rock, chega a ser chiclete, implementada por um solo de guitarra. "All Tomorrow Parties" ironiza o comum, o estilo que deve ser aceito: E quais trajes a pobre moça irá usar Para todas as festas de amanhã (...) Sob medida para quem vai sentar e chorar Em todas as festas de amanhã. 

O lado B começa com sete minutos de "Heroin", que destrincha logo de cara pelo título, sete mnituos que beira o progressivo, é degradante, esotérico: Eu não sei exatamente onde estou indo/ Mas vou tentar o paraíso, se eu puder/ Porque isto faz me sentir como um homem/ Quando eu enfiar a agulha na minha veia. "There She Goes Again" e "I'll Be Your Mirror" reforçam o objetivo, egocentrismo, prostiutição. "The Black Angel's Death Song" (nada mais que a canção da morte do anjo negro), é dark, absurdo, surreal. "European Son" vem pra foder e acabar com tudo. Irônico, progressivo, psicodélico é sua tradução.



Ouvi esse álbum nas minhas buscas de álbuns dos anos sessenta pela primeira vez, abri todas as letras e traduções e ouvia faixa a faixa embasbacado. É sujo, podre, surreal, inovador, provocativo, promíscuo. 

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