Em “O mistério das bolas de gude” (editora Papirus, 2006, págs. 192, R$13 à R$30), Gilberto Dimenstein, jornalista brasileiro – que já foi radialista na CBN, colunista na Folha de S. Paulo, criador da Escola Aprendiz e do portal Catraca Livre – percorre sobre dois temas atuais: a invisibilidade e o pertencimento. Em seu oitavo livro, o autor também defende a importância que o jornalismo comunitário tem na sociedade, como veículo de quem não tem lugar de fala.
Fruto de mais de 16 anos de investigações jornalísticas e registro de viagens e entrevistas, Dimenstein narra as histórias verídicas de mulheres, homens e crianças, vítimas de um sistema degradante e um poder público que só visa a continuação deste mesmo sistema.
São traficantes, dependentes químicos, prostitutas, moradores de rua, crianças abusadas sexualmente, portadores de HIV, mães adolescentes, chefes de facções criminosas. Acompanhando o depoimento dos entrevistados e divulgando dados estatísticos assustadores, o jornalista aponta o quanto a violência e a pobreza fazem com que essas pessoas busquem rotas de fugas para sobreviver, e reproduzem ainda mais o lugar em que estão: invisíveis, às margens da sociedade.
Jornalista e autor - Gilberto Dimenstein |
Comparando os índices de criminalidade de Nova York e São Paulo, o autor quebra estigmas e a cidade participa como personagem na narrativa. O contraste social fica nítido quando o autor observa bairros como Luz, Sé, Carandiru, e faz a distinção entre ricos e pobres no Brooklyn, Paulista e Vila Madalena (bairro que reside o autor), chamando de “resistência encravada em um local de 1,5 km² e 20 mil habitantes”, São Paulo é palco para do anonimato que clama por anseios.
Também como protagonistas, surgem anônimos que estão dispostos a ajudar os invisíveis citados acima, são voluntários, doutores que se pintam de palhaço, organizações não governamentais, cidadãos que não esperam verbas do governo para investir na educação de crianças e adolescentes em risco social. O livro nos faz questionar à seguinte afirmação: se não faz parte da solução, então faz parte do problema.
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