sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Nós e eles

Desde pequenos, somos condicionados, na nossa sociedade patriarcal, a adotar práticas sociais normativas, bem como gêneros binários de homem e mulher. Se não me encaixo num ou noutro, ou tenho uma orientação sexual diferente, estou à margem dessa mesma sociedade. O conceito de homem, “criado” para se tornar uma figura de poder, quase militar, que comanda um determinado grupo, e de mulher, generalizada como sexo frágil, com funções específicas e não tão “racionais” quanto o outro (o contraste com o sexo oposto sempre se faz necessário), fortalece ainda mais políticas de segregação, e relações de poder soberano de um corpo dominante sobre o dominado.





Segundo Odir Berlatto, "... a identidade social é ao mesmo tempo inclusão - pois só fazem parte do grupo aqueles que são idênticos sob certo ponto de vista - e exclusão - visto que sob o mesmo ponto de vista são diferentes de outros". Ao mesmo tempo que afirmo ser algo, estou reafirmando algo que não sou. Quando digo que sou gay, ou negro, confirmo que não sou heterossexual, ou branco.

O brasileiro religioso passa por inúmeras nuances ao longo do nosso imenso território, um adepto do batuque do Rio do Grande do Sul, é totalmente oposto ao candomblecista de São Paulo, ou ao Xangô do Nordeste, mesmo tendo características ou ideais em comum.



Como seguidor de uma determinada religião ou sendo homossexual, nem sempre, mas consequentemente, sou levado a lutar por essas minorias, o grupo com o qual me identifico ou que sigo. Da mesma maneira, se estou envolto no discurso da branquitude, de direitosos ávidos por extermínio da pluralidade cultural e sua própria supremacia elitista, também estou veementemente (e cegamente) defendendo um discurso e lutando para que ele continue a operar.



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